5 de outubro de 2011

Um singelo desabafo...

Ouço o choro da moça que passa perto... Ele chega a mim quase tão sutil quanto as gotas de chuva que caem.
Que triste pensar em perder alguém assim, numa noite tão bonita.
Olho para as flores que carrego e penso por um instante que não deveriam estar ali. Seu desabrochar é tão silencioso... silencioso como o choro da moça que passara por perto.
A poesia que a noite então cria afeta a mim. Penso em toda dor e em toda revolta que eu também sentira, e que ainda deixa seus resquícios...
O mundo me parece tão intolerante, as pessoas me parecem tão sem coração...
O sorriso que já surgia em mim tão sem vida!
Entre essa agonia ingrata me perdi, sem entender toda a injustiça que passava por meus olhos e deixavam inquietos tantos sentimentos.
O que fazer em relação ao fato de que milhares de pessoas estão passando fome, enquanto tantas e tantas outras ao menos lembram-se disso? A paz me parece tão simples, meu deus! Mas permanece calada, tão sem vida... assim como muitas pessoas que observo ao meu redor.
(E são tantos outros cruéis fatos que existem...)

Numa louca contradição, falta humanidade aos seres humanos. O que se vê é o bicho do homem,  levado por seus instintos, matando a si mesmo a cada dia.

'(...) e há tempos nem os santos têm ao certo a medida da maldade, e há tempos são os jovens que adoecem... E há tempos o encanto está ausente, e há ferrugem no sorriso... e só o acaso estende os braços a quem procura abrigo e proteção...'

Às vezes, sinto tudo como se fosse uma criança... numa ingenuidade delicada de não compreender muitas atitudes das pessoas, e só ter o simples desejo de ser feliz.
Talvez, é com esse sentimento ingênuo que delicadamente conserva-se em mim uma esperança, uma esperança que às vezes adoece, mas nunca morre: é unicamente o ser humano que possui a capacidade para transformar qualquer circunstância, e assim gradativamente acontecerá.

'(...) meu amor, disciplina é liberdade, compaixão é fortaleza, ter bondade é ter coragem...'

Só quero acabar com tudo isso que me deixa assim... com um tristeza tão exata em dias tão bonitos...
'É pela paz que não quero seguir admitindo'.