29 de janeiro de 2010

A felicidade de quem ama.

Primeiro foi o encanto do teu sorriso. Depois eu lembro da sensação de tê-lo pra mim, por mim, pela primeira vez.
E então a felicidade era tanta que dava sufoco, um nó na garganta que não se dissipava nunca, a vontade de gritar, gritar o mais alto possível tomava conta de todo o meu ser. A minha alma não se contentava com ela mesma de tamanha alegria e intensidade que sentia!
O tempo foi passando e a calma resolveu tomar seu lugar. A calma da alma que fazia e faz sorrir sem motivo. E os braços que me envolvem me dão paz. Trazem paz e calma. E a felicidade de quem ama.

20 de janeiro de 2010

Coisa tão rara de si incontrá...

Ára, nossa sínhora dos arrepiú! Quando eu vejo esse mundão grandão de gente assim me dá sempre uns calafrio danado! Im pensa que eu achei que nunca um dia na minha vida intêrinha ia podê vê uma cidade grande assim. Quando eu vejo esse povo todo com essa pressa de láscar eu fico até assustada.
Que será que esses bicho tem tanto que fazê, pra corrê tanto? Quando eu pergunto, eles falá: "-É o trabaio, é o trabaio!". E saem correndo mais rápido que cavalo quando nóis bota pra corrê.
E intão eu penso: que hora que esses homi para pá cumê? Pra conversá com os seus respectivo cumpádi? Pra dá atenção pras criança? Pra muié? Que muié é carente por demais. Eu sei porque eu sô!
E isso fica assim, batutando na minha cabeça, sabe? Eu vejo eles tudo correndo de lá pra cá com cara de desespero. De preocupação, de ansiedade... ixe maria, quando eu vejo eles parado no carro então, no meio de mais uns monte, um chingando os otro, sabe?! Aí que eu fico encafifada mesmo!
Eu vô aqui proseá com ocêis. Lá no interior onde eu morava eu ouvia os passarinho cantá logo depois que eu abria os óio. Quando eu era criança, depois de tomá café, eu ia lá pro quintal, cantá com eles. Era bom por demais!
Eu tinha também um cachorro chamado Joe. Eu que dei esse nome pra ele, depois que eu vi um daqueles fime americano, que tinha um cara bonitão com esse nome.
O meu cachorro era bonitão também. Por isso eu chamei ele de Joe!
A minha infância foi assim... cantando com os passarinho e brincando com o Joe.
Aí de acordo que eu fui crescendo, as minha vontade era ôtra. Eu tinha agora que ter a tár da 'responsabilidade'. Minha mãe não cansava de falá dela, eu tava até cansada de ouvi.
Pra cumpri cum a tal palavra, minha mãe colocô eu pra trabalhá. A amiga dela era dona de uma floricultura ali perto de casa, e eu passei a atendê os cliente tudo.
A moça, amiga da minha mãe, me ensinou direitinho a fazê buquê, a cuidá das rosa, das orquídea, dos copo-de-leite... mas a flôr que eu mais gostava era das rosa. As vermelha. Elas mi traz um encantamento que eu num sei expricá!
Sabe aquele frio na barriga que ocê sente quando passa por alguma coisa nova? Quando minha mãe disse que eu ia trabalhá eu senti isso daí... mas eu fui e num me arrependi! Eu gostava tanto de cuida das flôr...!
Até que teve um dia que chegô um moço bunito lá na floricultura. Era tão bonito que eu fiquei com vergonha de atendê. O moço pediu ajuda, porque eu não tive coragem de falá nada.
Ele chegou a dá risada com o jeito tímido que eu tava. Eu fiquei tão encabulada... Na mesma hora eu senti umas borboleta no estômago. Nem mais frio na barriga era. Eu nunca tinha sentido aquilo não. O moço escolheu logo umas rosa vermelha, sorriu e me pagou. E intão foi imbora. Eu não queria que ele tivesse ido não...
Passô os dia e eu esperava que ele voltasse. Mas eu imaginei que ele num iá voltá mais... Parecia que era homi da cidade. Esse homi engravatado, bem vestido. Só que esse era diferente. Ele num tinha cara de preoucupação, a cara que eu vejo agora em todos os hómi aqui na cidade. Ele sorriu pra mim. Sorriu um sorriso que nunca tinha visto, de tão bunito!
Os dia se passaram e eu comecei a achá a vida na floricultura coisa muita pequena pra eu. Eu queria mais. Eu queria podê conhece as cidade grande, que existe além do meu interior. Eu sempre soube que falando assim, desse jeito todo caipira, iam ri muito da minha cara, iam tirá sarro das minha roupa simples... mas eu tomei coragem e vim. Vim porque esse era meu sonho.
E ainda pensei, toda facêra: "E quem sabe eu ainda num consigo vê aquele homi do sorriso e das rosa vermelha...". Eu ainda carregava ele comigo, no meu coração. Ele pode ter ficado assim, falando comigo por um segundinho só, mas ele marcou tanto que eu lembro direitinho até do cheiro dele!
Mas então... quando eu cheguei aqui me assustei com a grandeza das coisa! Tanta coisa bonita, mas tanta coisa feia também...
O que eu mais sinto falta é do verde e dos cantár dos passarinho, que acordava comigo todo dia... e do frio na barriga que eu sentia lá, por causa das coisa nova. É muito diferente do que eu sinto cá.
Aqui eu sinto frio na barriga quando eu vejo os mendigo durmi na rua, no frio, só com um papelão pra se protegê. Sinto frio na barriga de vê as minina ainda moça oferecendo sua doce honra pra podê se sustentá. Eu sinto frio na barriga em vê o comportamento dessa gente que não sabe se respeitá, não sabe se ajudá, não sabe dá valor ao que tem.
Mas se eu for pará pra pensá, isso tudo não devia me assustá desse jeito não, me dá esse frio na barriga ruim. Esse povo todo só pensa em dinheiro. E tão aí, sempre andando rápido, com a cara fechada, preocupada, rabugenta. Pensando em trabaiá, trabaiá, pra ganhá, comprá, comprá, comprá! Eles tinha que pensá também nas outra coisa da vida... sabê vivê de verdade. Sabê ter os dois.
Eu só sinto aquelas borboleta no estômago, no sentido bão, quando eu avisto alguém sorrindo de verdade (como o homi da floricultura, engravatado, o homi do sorriso bonito, que eu carrego até hoje comigo no meu coração). Coisa tão rara de si encontrá...

8 de janeiro de 2010

A flor da pele.

Eu quero mais poesia no meu dia-a-dia. Eu quero mais sorrisos, mais alegria, mais sede de viver.
Eu não quero mais os dias monótonos, sem graça, sem energia, jogados ao vento.
Inúteis. dias inúteis equivalem a dias sem vida, à gente sem coração.
Quero poder me jogar do alto e me sentir voar, eu quero sua boca todos os dias para poder me beijar, me doar, a cada dia mais me apaixonar, e então te amar, e amar, e amar...
E poder brincar de cantar na chuva, no sol, debaixo do lençol, sentada na cadeira, comendo sobremesa. Por que não?
E quando eu quiser chorar... eu vou chorar mesmo. Porque chorar às vezes é preciso. Andar descalço também sempre é uma boa opção, mas não gosto muito dessa ideia de 'pé no chão'. Eu gosto de voar... voar por onde meus pensamentos quiserem me levar... seguir as ondas inexistentes do meu ser...
Eu quero poder alcançar aquilo que me satisfaz, que me faz suar, que me tire o fôlego de tamanho bem-estar.
Eu quero poder alcançar aquilo que simplesmente me faça sorrir. Quero poder tocar no teu cabelo e ser capaz de te fazer sorrir também.
O dom de ouvir e viajar pelas notas musicais, fechar os olhos e... sentir. Eu quero isso todo dia.
Pular no meio de um jardim cheio de flores a encantar o meu... leve... peripiciar.
Quero poder olhar no fundo dos seus olhos e sentir o que você está sentindo, e fazer com que você sinta o que sinto eu.
Saber teus pensamentos, não. Querer saber de tudo é querer saber demais.
Ah, sentir...
Quero ter o direito de me permitir. De saber a hora de parar, e de não saber o quanto vai durar.
De viver cada segundo com a noção de que ele é a única coisa que tenho nesse momento. Viver. Viver cada segundo.
Às vezes penso o quanto seria bom um mundo onde só existisse eu e você.
Eu queria poder nunca mentir...
Ter a capacidade de te fazer dormir, e o teu sono ninar com um lindo e simples cantar.
Eu queria poder enfeitar com estrelas, fazer brisa com um temporal, soprar palavras doces ao ouvido como o chocolate, e pular carnaval.
Fazer festa com a chegada, e não pensar muito na partida. Ficar com teu cheiro na minha roupa por todo o dia.
Acordar cedo pra admirar o nascer do sol, e agradecer a vida, a família, a comida, a saúde, a ferida do coração. Eu quero mais poesia no meu dia-a-dia. Eu quero mais paixão. Eu quero conhecer toda essa nação, e finalmente olhar pra trás e ver que nada foi em vão.

5 de janeiro de 2010

As estações do ano

Compartilhando um poema do meu pai! :)

"As estações do ano

Eu tinha para mim, que eras pura e sincera,
e por isso talvez acreditei em ti
Nesse tempo, em meu ser, fazia a primavera
e as flores do meu sonho em minha alma colhi.
Depois foi de repente, ao pensar na estação...
Tornou-se o meu amor maior e mais ardente
Havia no meu peito o calor do verão
E julguei que eras meu, meu inteiramente...

E o tempo foi passando,
e tudo pouco a pouco mudou
E me senti num completo abandono.
Caíram para sempre as ilusões e eu, louco,
as vi secar no chão como folhas de outono...
E um dia veio o inverno, insípido e tristonho
Fazia frio e em minha alma nevou
e a neve foi caindo, e sepultou meu sonho
e o proprio coração no peito enregelou

As estações do tempo, as estações do amor
Parecem muito iguais e diferem no entanto
naquelas, há o voltar da alegria e da cor
ao de novo surgir, da primavera,
o encanto
Mas nas outras, depois do inverno,
nada existe
Tudo é branco, tristonho, frio e desolado
Recorda-se a chorar e vê-se o como é triste
lembrar da primavera antiga do passado!"