18 de outubro de 2010

Querido John;

       Escrevo novamente sem saber se esta carta vai chegar até você... mas não me importo. Os dias continuam vazios como são desde o dia em que você se foi. A guerra é insana e cruel; agora o sinto com meu próprio coração. Tento continuar forte alimentando a idéia de que você ainda está vivo. A cada instante tenho a esperança de que verei o seu sorriso cansado ao longe, voltando para mim. Ah John, como eu preciso do seu carinho...
      Meu pai faleceu semana passada, e agora estou completamente só. Quase já não tenho o que comer, e isso me preocupa muito. Os filhos da Rose também não voltaram, e estamos compartilhando da mesma dor. Não sei se vou suportar por muito tempo. Permaneço aqui a sua espera, como prometi; disse que ficaria aqui a sua espera até que voltasse, e assim o faço. Mas já se passaram tantos meses... e a angústia de não ter nenhuma notícia me consome quase por inteira.
      Muitos daqui já fugiram, mesmo que não consolados ainda pela idéia de não saber do paradeiro das vidas de seus familiares. Às vezes me culpo por ter permitido que você partisse. Deveria ter dito algo, feito algo. A guerra destrói a felicidade das pessoas; por que conosco seria diferente?
      Ontem sonhei que você andava mancando por uma estrada cheia de pássaros. Desde então desejo com toda minha alma que essa estrada chegue até aqui. Necessito sentir alegria novamente, amor. A tristeza que está em mim fincada me adoece e me mata um pouco a cada dia.
      Estou viva porque o amor que sinto está guardado em algum lugar de meu ser. Já não sei mais discernir meus sentimentos ao meio de tanto desespero... Somente sei que o aguardo como uma mãe espera por seu filho.
     Agora entendo que não foram necessários mais do que os poucos momentos para que a vida fizesse de nós um só. Nos dias frios eu não tenho o cuidado do teu calor... nos instantes em que toco piano é a sua foto que fico a contemplar. Uma farda e, em sua camisa, a bandeira do nosso país... Maldita farda, maldito nacionalismo, maldita guerra. Desde quando a vi senti medo... Medo e receio do que pudesse acontecer.
       Hoje não sei se é a única coisa que terei de ti... essa foto e a lembrança dos poucos momentos que fizeram de nossa vida essa. Que me fazem te esperar a cada instante. Que fazem da angústia de cada instante esperança; esperança de ter você de volta em meus braços, de que você me tenha como nunca o teve.
      Por favor, desista da guerra. Se ainda estiver lutando, pare. Pare, por favor. Se ainda estiver vivo, desista. Não aguento mais a ausência da alegria em meu coração.
     Volte John, por favor. Eu te amo. Vou continuar escrevendo. Algum dia uma carta pode chegar até você... eu tenho esperanças.
     Volte, John...


                                                                                                                        Julie.

8 comentários:

  1. Espero que me perdoem pelos nomes tão clichês... rs(:

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  2. Ahh, não mais clichê que eu ter lembrado do clipe [do clipe! nem da música foi...] da Katy Perry, Thinking of you, salvo engano. [o que é um "mal da cabeça" desse moço que sempre faz comentários enormes: sempre fico associando coisas :P]. Lembrei também da "menina que roubava livros". E de J. Cash. E vou parar de ficar lembrando pq as guerras mundiais sempre foram 1 assunto que me fascina. [Mas não me pergunte pq lembrei de J. Cash!]

    Ah, a espera... essa briga entre o tempo e a paciência, usando nossos sentimentos como palco para um teatro cujo ato final sempre desagrada alguém. Mas em todo amor, se há algo para lembrar, acredito que nem dê pra dizer que há uma unica coisa a se ter. Mesmo que seja uma coisa única a ficar.

    Muito muito bom :)... ótima semana, beijo!

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  3. Uau,que triste, Lii. Como deve ser triste a angústia de alguém que espera pelo fim de uma guerra só para ver uma pessoa querida!
    Espero que o John volte!

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  4. huehuheu, nomes clichês, mas o filme Dear John é mto lindo *---* e o seu texto tbm, neeh! hehe sério msm.

    (:

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  5. Isso é tão triste... Essa coisa de espera, despedida, me lembra uma pessoa que amo muito... Lindo texto, chérie.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Parece uma carta de um filme que eu assistir...enfim...parece..aproveito e convido a dona da casa e seus seguidores a irem visitar os meus escritos e sentimentos..no meu blog http://laviapoetica.blogspot.com/

    E deixo meu abraço fraterno e votos de ótimo fim de semana.

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  8. A princípio este texto estava me lembrando o filme "Cartas Para Julieta"(assista!), mas depois me dei conta que me lembrava mais de Dear John. Lindo =]

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